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Afinal, como foi a trajetória da Americanas S.A. até chegar ao presente cenário financeiro?

Trata-se de uma dívida bilionária! Por isso, nesse artigo explicamos melhor o que deu errado, como superar e como evitar situações semelhantes.

Primeiramente, vamos conhecer mais sobre a história da tão famosa, e tão notável, Lojas Americanas.

O começo de tudo 

Fundada no ano de 1929 pelos americanos Batson Borger, Glen Matson, James Marshall e John Lee, e pelo austríaco Max Landesmann, a empresa, predominantemente varejista, se estabeleceu primeiramente em Niterói, no Rio de Janeiro.

Antes disso acontecer, com a ideia de abrir um comércio de produtos acessíveis e de preços reduzidos, usando uma referência que na época fazia sucesso nos Estados Unidos, os americanos pensaram e concluíram que o primeiro destino da empresa seria, Buenos Aires, na Argentina. Mas, no caminho, conhecem Landesmann e um brasileiro chamado Aquino Sales, que os convencem de instituir o negócio no Rio de Janeiro.

Ao fim do primeiro ano de atividade da empresa, a companhia dispunha de quatro lojas, três delas no Rio de Janeiro, e a outra em São Paulo. Decorrente de seus resultados altamente positivos, em 1940, o grupo concordou em abrir seu capital, e assim, converteram-se em uma sociedade anônima.

Antes da tribulação

Embora as expectativas em relação à companhia estejam enfraquecidas no momento atual, nem sempre foi assim. Pelo contrário, durante os últimos anos a corporação exercitou uma expansão que prestou para inflar as esperanças de múltiplos especialistas.

Em 2021 a corporação se uniu com a B2W, entidade do comércio eletrônico que já atuava em diversas plataformas, abrangendo inclusive o site Americanas.com, e que posteriormente promoveu o conglomerado Americanas S.A, que engloba tanto o comércio físico quanto o virtual.

Além do mais, a Holding dispõe dos processos e estratégias de estabelecimentos como Submarino, Shoptime, “Soub” (Sou Barato), como também da fintech Ame Digital, do sistema operacional de logística Let´s e da Mais Aqui, que se utiliza de cartões de conteúdo, crédito, seguros, serviços e venda assistida.

Outro fator fundamental que impulsionou grandemente a organização no mercado, foi seu foco nos investimentos em marketing. Por exemplo, a varejista esteve presente em três edições do programa de televisão “Big Brother Brasil”. Sua pretensão era divulgar a variedade de produtos à disposição dos consumidores, potencializando a ideia de uma loja com a qual o cliente pode contar o tempo todo.

Esse tipo de investimento não é barato, mas felizmente para a Americanas, obteve um retorno quase que imediato. Já nos primeiros dias de programa, a marca adquiriu resultados expressivos, como um crescimento de 60% na utilização dos cupons em seu aplicativo. Na edição de 2021 do programa, em uma ação com tema de churrasco para os participantes, o crescimento na utilização dos cupons foi superior a 80%, além de alcançar um aumento significativo de mais de 50% em visitas ao site e aplicativo.

E finalmente, em 2022, originou-se a Americanas Entrega, com retornos para os comerciantes que manipulam os marketplaces da empresa. Diante de todos esses fatos, é compreensível a surpresa perante esse imprevisto que definiu tão desfavoravelmente a abertura do ano para a Americanas.

Mas o que realmente aconteceu com a empresa?

         O início do ano de 2023 foi marcado pela troca no cargo de presidência das Lojas Americanas, assim como outros que também assumiram seus respectivos cargos na diretoria da empresa.

         A companhia comunicou uma detecção de inconsistências nos lançamentos contábeis, estimados em R$20 bilhões na data-base do final de setembro de 2022. A priori, na nota divulgada, constatou-se que ainda não era possível determinar os efeitos das inconsistências e seus inerentes estragos.

Apesar das altas expectativas dos acionistas e analistas com relação à posse do novo Diretor-Presidente da Americanas, a incerteza da proporção do estrago causou tamanho impacto a ponto deste e do Diretor de Relações com Investidores, anunciarem, de efeito imediato, a decisão de não permanecerem na companhia.

         Tendo em vista a gravidade da situação, o Conselho de Administração nomeou um novo presidente, temporariamente, e criou um comitê independente para apurar as consequências e as circunstâncias que ocasionaram tais inconsistências contábeis, além de tomar as medidas apontadas como necessárias. 

         Diante da inexplicada situação, o rombo tornou-se significativamente maior, eis que nos dias seguintes as inconsistências montam ao valor de R$40 bilhões. O valor, inicialmente estimado em R$20 bilhões, foi duplicado após ser identificada a existência de financiamentos de compras de instituições financeiras que não foram apontadas devidamente na conta de fornecedores na mesma data-base de setembro de 2022.

Como aconteceu essa falha?

         A Americanas apoiava-se em empréstimos bancários para pagar os fornecedores ao comprar os produtos, fazendo com que as dívidas e contas a pagar fossem somente para os bancos nos quais eles obtiveram o empréstimo.

O erro entrou em questão quando registraram os empréstimos como se fossem “Fornecedores” dentro da área Capital de Terceiros do Balanço Patrimonial causando assim, confusões na planilha contábil na hora de contabilizar os juros.

Prováveis consequências

Conforme análise de especialistas, há três cenários prováveis. Em uma hipótese positiva, pode haver a recuperação da empresa, situação em que ela embolsa uma injeção de capital dos sócios de referência.

Outro palco, já não tão otimista, propõe o fechamento de capital ou transição de controle. Ainda que a companhia esteja passando por graves empecilhos contábeis e muito provavelmente passará a ter relações mais trabalhosas com os bancos e seus fornecedores, ela atualmente está valendo uma fração do que já valeu um dia, ou seja, as ações estão baratas, e por conseguinte, atrativas para possíveis investidores ambiciosos e sem medo de riscos, capazes de tomar o controle da corporação e fechar seu capital, isto é, suspender participações societárias da empresa para investidores, configuradas em ações negociadas na Bolsa de Valores.

No último dos casos, considerando o mais radical e menos provável dos cenários, avalia-se o encerramento dos negócios. Suposição praticável apenas na ocorrência de uma eventualidade extrema, na qual a empresa não alcance um acordo com os bancos e seja invalidada da lista de clientes por seus provedores atuais.

Após iniciar-se o processo de recuperação judicial, os negócios da empresa prosseguem com seu curso normalmente. Isto é, a Americanas permanecerá adquirindo produtos dos fornecedores, e assim, vendendo aos consumidores. A ruptura das Lojas Americanas não é interessante para ninguém, especialmente para seus investidores de referência. 

A operação das lojas físicas e do comércio digital continuam em atividade, considerando que essa é uma das únicas maneiras de gerar caixa, além da venda de ativos e lançamentos de novas ações na bolsa de valores, alternativas que também são possíveis.

Recuperação Judicial

         Com o acúmulo do valor em R$40 bilhões, a Americanas encontra-se encurralada à recuperação judicial, preocupando acionistas e investidores da Bolsa de Valores.

O motivo disso é que a quantia em questão é devida a quase oito mil credores, que andam cobrando o pagamento o mais antecipadamente possível. Contudo, a companhia conseguiu uma Tutela de Urgência com o tribunal pedindo um congelamento do pagamento de qualquer conta antecipadamente por 30 dias.

Mas o que significa um pedido de recuperação judicial para a Americanas?

A empresa está entrando com um processo na justiça de renegociar com seus credores os prazos de pagamento das dívidas, incluindo os juros e, ao mesmo tempo, eles têm a permissão de continuar seu funcionamento ativo no mercado, mantendo sua atividade econômica.

Atualmente, a empresa conseguiu renegociar acordos com os bancos, por meio da suspensão dos litígios. Frente a isso, fica pendente aos três acionistas de referência da empresa desembolsar os recursos que somam em torno de 12 bilhões, visto que as dívidas estão sob responsabilidade de tais bancos privados.

Inclusive, houve até uma alta nas ações da Americanas na Bolsa de Valores, mostrando a expectativa quanto à resolução do acordo.

Como evitar um erro semelhante no futuro

         O principal erro da Americanas foi a falta de verificação das planilhas de balanço patrimonial e contábil. Para evitar que um erro assim ocorra, é necessário assegurar que todo mês haja um fechamento de contas manual, sendo essencial verificar a veracidade das informações juntamente com a utilização de um sistema que permita um direcionamento mais específico do destino da movimentação de dinheiro e do capital de terceiros, devendo informar detalhes sobre cada ação, financiador e credor.

         Para os investidores que tinham suas ações na AMER3 (Americanas), o ideal atualmente é permanecer com shares menores na Bolsa, para evitar que haja uma perda ainda maior de dinheiro, ao invés de vender tudo. Dessa forma, é possível obter lucro caso continue o aumento na Bolsa, e assegurar que, caso haja uma queda, o prejuízo seja menor comparado à primeira vez.

         Por fim, é importante ressaltar que tudo apontado como consequência e possíveis cenários futuros são imprevisíveis por envolver questões que mudam a todo segundo.

O que essa situação nos ensina?

Assim, é possível concluir que uma gestão financeira e análise contábil efetiva e precisa de uma empresa faz-se fundamental para evitar prejuízos dessa grandeza.

Feito por Ana Flávia Vitorino e Stephanie Grinberg.


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